Sinceramente, dá para entender uma "Caminhada pela Paz" eivada de barulho, de poluição sonora, maculada por crime ambiental previsto em lei? Principalmente quando seus patrocinadores tenham sido advertidos, com apelos das autoridades competentes para que respeitassem a Lei do Silêncio?Dá para entender uma "Caminhada para Jesus", igualmente manchada com o mesmo tipo de crime, sem respeito ao próximo, praticada justamente por quem se diz seguidor dos princípios cristãos? Quando foi que Jesus promoveu barulho perante a sua multidão? Nunca! Muito menos ao orar, quando se retirava buscando a paz de um local propício à introspecção.Dá para entender uma "Procissão da Penha" que passa a altas horas da noite produzindo um imenso barulho, defronte de residências onde pessoas estão dormindo, precisando de sossego para poder enfrentar mais um dia de trabalho? Dá para entender cultos que promovem barulho em igrejas que chegam ao cúmulo de ser campeãs de denúncia de poluição sonora, segundo dados da própria Secretaria Municipal do Meio Ambiente?Não, leitores, não dá. Assim como não dá para entender por que a prefeitura ainda não se conscientizou de que o modelo concebido para controlar e punir esses crimes não está dando certo. Pensei até que o convênio firmado entre a Semam, Cptran, STTrans e a Polícia para atuarem juntos seria uma brilhante saída, já que sempre foi notória a falta de estrutura física do município. Mas, qual não foi a minha surpresa ao ver, no último domingo, trios elétricos esgoelando uma absurda barulheira lado a lado com "amarelinhos" e policiais que certamente nem estavam sabendo do tal convênio…Conheço de perto o esforço e a dedicação profissional e pessoal dos
titulares da Semam, a exemplo de Antônio Augusto de Almeida, um homem probo, estudioso e bem intencionado, de Ana Lúcia Espínola, uma diretora cheia de sensibilidade e postura ética diante dos crônicos problemas de poluição que a capital enfrenta. Entretanto, a minha admiração por seu trabalho se esbarra na piedade que sinto ao ver que são muito poucos os resultados de seus esforços, ainda que existam.São poucos porque o modelo está errado. Não dará resultado um plantão que só age quando é provocado. Não dará resultado se não houver rondas de rotina, fiscalização ambulante, campanhas educativas maciças e investimentos similares nas escolas. Por que hoje se respeita o pedestre muito mais que antes? Porque a campanha foi muito maior do que o modesto e incipiente movimento que a prefeitura esboçou em prol do silêncio.Não, meu querido prefeito Ricardo. Se queres que "A Capital das Acácias" deixe de ser "A Capital do Barulho"; se queres que os turistas levem daqui a melhor impressão, se queres que tua ora brilhante atuação, que a nós tem dado nível mais alto de bem-estar e qualidade de vida, não esqueças que a poluição sonora destrói qualquer imagem de civilidade e respeito ao próximo.Coisa que os que se dizem ser cristãos ainda estão longe de aprender.
Germano Romero.
Publicado no jornal "Correio da Paraíba", em 15 de novembro de 2007.http://ambiental.wordpress.com/2007/11/15/caminhadas-do-barulho/
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