Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

RUÍDO EM CONDOMÍNIOS: Bom Dia Brasil

Aumenta contratação de síndicos profissionais

Bom dia Brasil, 23.01.09

Quem mora em condomínio sabe: são discussões. Como muita gente não quer assumir o papel de síndico, tem condomínio que contrata um.


O síndico profissional e aqueles que exercem essa função por escolha do condomínio precisam ter, entre suas características principais, a paciência. Precisam ser diplomatas, mediando conflitos entre pessoas que mal se conhecem e acham que estão com a razão.




As brigas entre vizinhos ocupam boa parte do tempo de Afonso. Síndico há 16 anos, ele precisa garantir o bom relacionamento de cinco mil moradores. O maior problema? “É o barulho”, contou.

A secretária Magali Martinez é uma das vítimas. Ela aprendeu a melhor maneira de reclamar: “a gente entra em contato com a portaria. Eles enviam uma notificação para o vizinho que está incomodando”, disse.

O vizinho, o coreógrafo Ademir Santos, define o perfil do morador problema. “São as pessoas que não estão acostumadas a viver em sociedade de condomínio e moram como se estivessem em bairro. Eles querem fazer barulho a toda hora, querem andar sem camisa e andar de bicicleta na galeria”, afirmou.

Quando a falta de limite bate na inadimplência, o condomínio segue a lei e toma uma atitude definitiva: o apartamento é leiloado, como aconteceu com dois imóveis.

Carlos não levou, mas não ficou chateado. “É perfeito e transparente. Vou continuar inquilino do prédio”, disse.

Essa compreensão toda é para poucos. Em outro condomínio, tem briga até na garagem.

“Eu tive um caso de vaga dupla em que o carro da moradora ficava na frente de outro morador, e ela não queria dar a chave para ele tirar o carro, nenhum dia. Só tirava no horário dos compromissos dela. Então, ele perdia horário de médico e todos os compromissos. Um dia, ele teve que chamar a policia”, contou a síndica Marlei Almeida.

Marlei se mudou em 2000 para o prédio e resolveu ser síndica há seis anos. “O principal problema aqui é a falta de bom senso de algumas pessoas”, afirmou.

Mas nem todo prédio tem morador interessado no cargo de sindico. É nesse momento em que entre em cena a figura do sindico profissional - um administrador especialista em solucionar problemas, contratado pelo condomínio .
Atuando em cinco prédios de cinco bairros diferentes da cidade, a síndica profissional Marta Monteleone acumula experiência. “Os moradores não têm mesmo a tolerância entre as partes. O problema de barulho é sempre o salto alto, o cachorro. É sempre aquele que dorme cedo, contra aquele que dorme tarde. A gente percebe que é assim: são moradores não preparados e prontos para estarem enfrentando o dia a dia de uma comunidade”, contou.


Especialista em Direito Condominial fala sobre os síndicos profissionais

Mas será que esse síndico profissional serve mesmo para todos os condomínios? É o que explica o advogado Marcio Rachkorsky, especialista em direito imobiliário e condominial.

Bom Dia Brasil – Quando o síndico profissional funciona e quando ele não é indicado de jeito nenhum?

Marcio Rachkorsky – O síndico profissional está surgindo agora. É uma figura nova. Em condomínios com muitos problemas, onde ninguém quer assumir o cargo, ele é altamente recomendável, desde que ele seja uma pessoa com formação. Pode ser um administrador, um advogado ou um engenheiro. Mas acima de tudo, ele deve ser alguém que saiba mediar conflitos e alguém que saiba pacificar conflitos. Esse é o grande desafio do síndico profissional: mediar conflitos e administrar bem o patrimônio dos outros, com serenidade.

Para quem acorda cedo, o que pode e o que não pode? Por exemplo, pode ligar secador de madrugada ou andar de salto alto por todas as dependências da casa? Parece bobagem, mas isso atormenta muita gente. O que pode e o que não pode?

Tudo que a gente imagina que vai incomodar o nosso vizinho debaixo ou do lado não pode, sobretudo após as 22h. Então, andar de salto alto não pode. Ligar o liquidificador não pode. Pegar jogos e despejar no chão para as crianças faz um barulho absurdo no apartamento debaixo. Então, das 22h às 6h, o silêncio tem que ser absoluto. Porém durante o dia, também tem que haver respeito ao silêncio. Isso não significa que das 6h em diante a gente pode fazer o que a gente quiser.

Crianças correndo, cachorros fazendo barulho: os moradores têm que prestar atenção nos horários em que tudo isso está acontecendo.

Grande segredo é a conscientização. Não adianta simplesmente punir as pessoas, mandar multas e mandar advertências. Condomínio que funciona bem é aquele que tem um trabalho de conscientização perfeito, com circulares, cartinhas e reuniões. Aí, sim, as pessoas obedecem o regulamento interno e a convenção de condomínio.

Quanto ganha, em média, o síndico profissional? Outra dúvida: se algum morador quiser ser síndico profissional do próprio prédio, isso é possível?

É possível sim. O síndico, mesmo não sendo profissional, pode ter uma remuneração, porque ele perde muito tempo e gasta energia. Ele tem responsabilidade civil, criminal, tributária e previdenciária. Então, eu até recomendo que ele tenha uma remuneração. Quanto ele ganha? Pelo menos, R$ 1 mil. Eu conheço grandes condomínios com cinco ou seis mil moradores que síndicos têm salário de alto executivo, como R$ 10 mil ou R$ 12 mil.

O salário é proporcional aos problemas. Tem que ser um bom salário mesmo, porque são muitos problemas que ele enfrenta. Quantos desses problemas seriam reduzidos, se você tivesse uma convenção de condomínio bem feita, como uma constituição do que pode e do que não pode e as punições.

Sobretudo deve haver uma convenção atualizada, porque tem muitos condomínios antigos com regulamentos de 30 anos ou 40 anos atrás que não se aplicam para os dias de hoje. Então, todo condomínio deve fazer assembleias e atualizar a convenção, atualizar seu regulamento e tratar de temas que antes não existiam, como, por exemplo, cachorro, atividade profissional nos apartamentos, condomínios-clube. Enfim, questões que antigamente não eram tratadas em convenções.

Quantas vezes, um morador que causa problema pode e deve ser notificado antes de uma multa efetivamente? Aquela bronca mais formal deve acontecer quantas vezes antes da multa?

Eu sempre recomendo uma advertência por escrito e, em seguida, uma multa. Porque a sensação de impunidade para aquele condômino que incomoda os outros não deve existir. Ele tem que entender que, às vezes, um ato dele incomoda 50, 80 ou 100 famílias. Então, em condomínio, a gente precisa punir rápido. Além da conscientização, a punição tem que ser rápida, para que a pessoa não acostume a incomodar os outros.

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