Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Audição em risco



Andar pelas ruas das grandes cidades pode ser um problema para os ouvidos. O trânsito caótico e obras nas calçadas são um barulho muitas vezes mais alto do que se pode suportar. O quadro Conversa ao Vivo de hoje mostra o que acontece com pessoas expostas a ruídos constantes.

Uma esquina de Copacabana é uma das mais barulhentas do Rio. Um estudo da UFRJ encontrou lá uma média de ruído de 74,5 decibéis, mais que os 65 permitidos para áreas turísticas e comerciais. O resultado? Muita reclamação. “Tento ver um televisão em casa e não consigo escutar”, diz uma idosa.

Em uma área residencial o limite de 55 decibéis é extrapolado pela obra bem em frente aos apartamentos. “Aqui a gente está emitindo 88 decibéis. É um grande incômodo que está acontecendo. Só não chega a causar perda auditiva porque esse barulho não vai ficar aqui dez anos“, diz o engenheiro Marcelo Fontana.

Nem sempre é possível perceber a perda de audição, mas existem sinais de alerta: os sons agudos, como campainhas e apitos, deixam de ser ouvidos. Um zumbido que não passa também é um sintoma. Jonas de Lima, operário há quase três décadas, sofreu perda irreversível de audição. “No último exame eu estava com perda de 25% já. A gente acostuma...”

O ruído constante também pode provocar estresse, irritação e até aumento da pressão arterial.

Conviver com o barulho pode ser uma escolha, um prazer, principalmente para os mais jovens. Mas a música alta também pode prejudicar a audição. “Com esse nível de ruído que vocês tocam vocês tem meia hora para poder tocar sem ter perda auditiva“, explica Marcelo.

Os músicos da banda Maldita já sentem os efeitos de tanta exposição. “Uma horas hora, duas horas depois do ensaio eu fico escutando um barulho. Até a hora de dormir. No dia seguinte já melhora“, diz um dos integrantes.

O JH conversou com a doutora Andréa Pires de Mello, especialista em doenças ocupacionais.
Jornal Hoje: Para começar, vamos à pergunta que veio de Muriaé (MG) que é sobre os aparelhos portáteis de som, usados com fone de ouvido. Qual o limite de volume?
Andréa Pires de Mello: Esse é um problema dos jovens atualmente. A nossa orientação é que eles sejam utilizados em um volume mais baixo e por um período de tempo mínimo possível durante o dia, porque eles são lesivos. Quando a gente passa por essas pessoas a gente observa, a gente consegue escutar nitidamente a música. Imagina o nível que está chegando a esse ouvido.

Jornal Hoje: Pergunta de gente que trabalha o dia inteiro com telefone, como operadores de telemarketing. Mesmo que o som não seja alto, até que ponto esse ruído constante pode ser prejudicial?
Andréa Pires de Mello: É importante frisar que o nível de ruído que lesa a audição ele é a partir de um nível específico. Então nesse caso vai depender do nível de ruído ao qual esses trabalhadores estejam expostos. Agora, no caso do telemarketing a gente orienta que eles façam um rodízio, um revezamento entre as orelhas. E eles são obrigados por lei a realizar uma audiometria anualmente para controlar essa audição. As empresas tem que oferecer isso, é obrigatório.

Jornal Hoje: Pergunta do telespectador Ricardo, de São Paulo. Quem não tem perda auditiva, mas ouve zumbidos em partes do dia, Como é o tratamento?
Andréa Pires de Mello: É importante que esse indivíduo procure um otorrino, porque o zumbido ele pode ser manifestação não só de uma perda induzida pelo ruído, mas de outras patologias. Um distúrbio metabólico, alteração no colesterol, na glicose e até o uso de medicações que fazem mal ao ouvido.

Recebemos muitas perguntas sobre o que fazer com obras que começam antes do horário de silêncio, muitas vezes acabam depois, continuam aos sábados e domingos. Nesse caso a lei é municipal, cada cidade tem sua própria lei e a maioria das capitais conta com serviços que combatem o barulho em excesso. Em São Paulo, o Programa de Silêncio Urbano pode ser acionado para barulhos produzidos na rua. O telefone é: 156.

No Rio de Janeiro a lei do silêncio fiscaliza também sons altos que vêm de dentro das casas entre 22h00 e as 07h00. O telefone é 2503-2795.

Belo Horizonte tem o Disque-Sossego, que funciona todos os dias e também de madrugada. O telefone é: 3277-8100.

Em Florianópolis as reclamações podem ser encaminhadas para a polícia militar, através do telefone 190.

Em Fortaleza são fiscalizados os estabelecimentos comerciais. O telefone é: 3452-6927.



Fonte: Jornal Hoje - 04/07/07

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