Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Em defesa da natureza


Às 14h, o barulho incomoda muito na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com a ajuda de engenheiros da Secretaria Estadual do Ambiente, alunos da Escola Estadual Pedro Álvares Cabral mediram a poluição sonora e confirmaram: a intensidade dos ruídos está bem acima do limite de tolerância da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Eu cheguei a captar 80 decibéis. Os limites recomendados seriam de 55 decibéis”, afirmou um engenheiro. “Quando estávamos fazendo as entrevistas, as pessoas que estavam nos ônibus não conseguiam ouvir a gente direito”, contou uma aluna.

Os adolescentes mediram também a emissão de gases poluentes. “À princípio, nós temos que sair menos de carro, para evitar tanta poluição”, ressaltou uma outra aluna.

“Estamos incentivando um programa de biodiesel. O Rio vai ser o primeiro estado a ter 5% de biodiesel. Vamos tentar, junto à Secretaria Estadual de Transportes, mais recursos para trem e metrô e sugerir uma campanha para as pessoas regularem seus motores”, afirmou o secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc.

Jovens treinados pelo Laboratório Social do Jardim Botânico plantaram 250 mudas na estrada de acesso ao Cristo Redentor. No local, funcionava um estacionamento irregular desativado há um mês pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. “É bom ajudar a natureza, porque ela está precisando demais”, finalizou o jardineiro Wiliam Ferreira.



Fonte: RJTV - 04 de junho de 2007

Lei do Silêncio

A Lei do Silêncio determina em alto e bom som: é proibido fazer barulho acima de 85 decibéis entre 22h e 7h. A confusão começa na hora de saber se o nível do volume da festa ao lado ou do latido do cachorro do vizinho passou do limite.

Se fosse apenas o barulho do trânsito, João Vitor Rodrigues não se importaria – contra esse ruído não há o que fazer. Mas, segundo ele, o pior inimigo é um bar em frente ao prédio, na Lapa.

“O bar é insuportável porque, além de tudo, ele ainda tem uma maquininha para as pessoas escolherem música, e as pessoas sentam ali e fica aquela farra, aquela bagunça toda, com música superalta”, reclama João Vitor Rodrigues, relações públicas.

A síndica do edifício chegou a chamar a polícia e encaminhou uma carta à Secretaria de Meio Ambiente, mas não conseguiu que ninguém viesse fazer a medição do barulho.

“A resposta foi que eles não poderia vir fazer a medição em final de semana, que é pior – sexta, sábado e domingo -, que é o dia da nossa tranqüilidade, eles disseram que não podiam fazer a medição”, conta Wanda de Carvalho, síndica do prédio.

No bar, não encontramos o dono para ouvir as explicações dele.

A Lei do Silêncio vale para o período entre 10h da noite e 7h da manhã e estabelece limite para os ruídos: não podem ultrapassar 85 decibéis. Há um aparelho que mede esse nível, mas que quase ninguém tem. Isso basta para garantir a boa convivência entre vizinhos?

Para João Ricardo Matta e Tatiana não é o suficiente. O vizinho que mora três andares acima deles respeita a lei, mas nos outros horários do dia escuta música com o volume tão alto que boa parte do prédio é obrigada a ouvir o mesmo som queiram os moradores ou não.

“A lei permite que ele coloque o som alto porque ele está dentro do horário de legalidade. Porém, quando você mora numa comunidade, numa coletividade, tem que haver esse respeito pelo outro, mesmo que a lei faculte a você o direito de ouvir o seu som alto, você tem que pensar que o seu limite de gostar de um som alto vai até o limite em que as pessoas não são obrigadas a acompanhar e a curtir o mesmo som que você”, acredita João Ricardo Matta, publicitário.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que a população pode fazer denúncias sobre locais barulhentos pelo telefone 2273-5516, de segunda à sexta, no horário comercial. E é possível agendar a fiscalização para sábado ou domingo.




Fonte: RJTV - 19 de abril de 2006

Entrevista - Perda Auditiva

Até que ponto o hábito de se expor a sons exagerados leva a um real comprometimento auditivo? E que cuidados se deve tomar pra garantir um ouvido saudável por muitos e muitos anos? Confira a entrevista com a médica da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, Andréa Pires de Mello.

RJTV: Quem trabalha em lugares com muito barulho pode ter problemas auditivos?

Andréa Pires de Mello: Sem dúvida. É importante a gente esclarecer que, para que essa perda auditiva provocada e induzida pelo ruído se estabeleça, três fatores são primordiais: o nível de exposição ao qual esse indivíduo está exposto, o tempo de exposição – quantas horas por dia ele fica exposto e ao longo de quantos anos -, e a sensibilidade individual. Existe alguns indivíduos que são mais resistentes e outros que são mais sensíveis, mais suscetíveis a desenvolver essa perda auditiva.

Há algum tipo de prevenção para quem trabalha com barulho? No caso do DJ não, mas no caso do guarda municipal, pode usar proteção?

Sem dúvida alguma. Inclusive, a legislação brasileira preconiza: o limite de tolerância para essa exposição ao ruído é de 85 decibéis para oito horas diárias. Então, se você aumentar esse nível de exposição para 90 decibéis, esse tempo tem que ser reduzido para quatro horas. Se você observa o que aconteceu no quarto da adolescente (ver matéria “Problemas de audição”) isso é um absurdo. Eu fiquei surpresa. Em vez de 85 db, deveria estar em uma média de 55 ou 50 decibéis.

Quem fica muito tempo parado no trânsito pode causar problema auditivo?

Depende do tempo de exposição e do nível ao qual esse indivíduo encontra-se exposto. Nós sabemos que existem alguns locais, principalmente na hora do rush em algumas avenidas, que chegam a 90 decibéis.

Quando a pessoa entra em contato com um barulho tão alto, de 90 decibéis, por exemplo. Se ela depois passar por um período de descanso em casa, sem ruído, tranqüilo, o dano volta atrás? Dá pra recuperar o dano?

Interessante. É a sensação que você tem quando sai de uma boate, você sai com a sensação do ouvido estar “abafado”, fica um zumbido. Aí, volta pra casa e volta tudo ao normal algumas horas depois, no dia seguinte. Isso é chamado de Mudança Temporária Linear. Nesta fase, você não tem uma perda definitiva da audição ainda. Agora, se você continuar a se expor a um som de alta intensidade, essa perda vai ser definitiva.

Faz bem ou mal escutar música durante a caminhada?

Não. Existem trabalhos demonstrando que durante o exercício físico a exposição ao ruído aumentaria essa sensibilidade à perda auditiva. Nesse caso específico eu recomendo: não coloque o walkman num volume tão excessivo. Isso a gente vê: a gente passa de bicicleta, às vezes, por essas pessoas e consegue escutar a música que elas estão ouvindo...

Como eu fico sabendo que o meu filho está com algum problema auditivo?

Dependendo da idade, a criança já pode se queixar. É importante que, periodicamente, essa criança vá a um otorrino. Se ele estiver em idade escolar, algumas escolas solicitam a audiometria antes da alfabetização. Isso é importante.




Fonte: RJTV - 28 de março de 2006

Barulho com cautela


O som é inconfundível. O aviso aos pedestres é de que por perto algum carro está saindo de uma garagem. Para a estudante Maria Carlota de Alencar Pires, que é deficiente visual, o sinal sonoro é uma ajuda e tanto, principalmente em ruas onde o movimento nas calçadas é grande. Ela diz que já quase foi atropelada na saída de uma garagem.

“O sinal sonoro é muito importante para os deficientes visuais por dois motivos. Primeiro porque é uma segurança, principalmente nas ruas de grande movimento. E segundo porque, na maioria das vezes, os motoristas que saem de garagens subterrâneas não têm condições de visualizar quem está passando”, comenta Maria Carlota.

Mas se para uns o barulho é um alerta de segurança, para outros é um incômodo constante. O engenheiro Isnard Campelo Filho mora com a mãe de 90 anos em um prédio em Copacabana. Ele diz que as sinaleiras tocam por qualquer motivo, a qualquer hora do dia ou da noite.

“Hoje essa sinaleira sonora não serve só para automóveis, então, é caótico”, critica o engenheiro.

Uma lei municipal aprovada pela Câmara depois de ter sido vetada pelo prefeito Cesar Maia proíbe o uso de sinaleiras sonoras nas saídas das garagens. Os condomínios ficaram obrigados a instalar duas placas. Uma do lado de fora, dizendo “Atenção: entrada e saída de veículos”. E outra dentro da garagem, avisando que a preferência é do pedestre.

Ainda de acordo com a lei, imóveis com grande movimento de entrada e saída de veículos, como hospitais, edifícios-garagem e supermercados, devem ter operadores de tráfego.

Mas a prefeitura está questionando a constitucionalidade da lei. O governo municipal alega que o Conselho Nacional de Trânsito exige a instalação das sinaleiras sonoras e que enquanto a questão não é julgada a lei não pode valer. Por isso, o uso das sinaleiras não está sendo reprimido pela fiscalização e muitos moradores reclamam.

“Não suporto mais andar ouvindo essa campainha tocar. Isso estressa, é apito de esquina em esquina”, comenta um morador.

“Esse apito vai direto ao seu ouvido, mesmo se você estiver deitado em uma cobertura ou em um quarto de fundos”, diz outro morador.

O médico do trabalho Luiz Tenório, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fez uma medição do barulho das sinaleiras. Algumas passam de 100 decibéis.

“Para os porteiros, que trabalham oito oras por dia, certamente estão com danos na saúde auditiva. Isso também aumenta o estresse e a hipertensão”, diz o médico.

“O barulho afeta a saúde, as sinaleiras acabam com s tímpanos. Desligar as sinaleiras, com responsabilidade, melhora a saúde auditiva da população”, defende o deputado estadual Carlos Minc (PT).

A Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Abadi) apóia o desligamento das sinaleiras sonoras. Neste sábado, em um encontro de síndicos, a Abadi vai distribuir um folheto com algumas dicas para reduzir a poluição sonora, como utilizar redutores de velocidade na saída das garagens, instalar espelhos côncavos para melhorar a visibilidade dos motoristas e ligar as sinaleiras apenas no caso de saída de veículos nas áreas onde é grande o movimento de crianças, idosos e deficientes.

“Tenham sempre muita cautela, para não saírem tirando as sinaleiras só porque a lei permite. É preciso avaliar se o trânsito de pedestres é muito grande no local do condomínio, se há algum colégio ou alguma creche perto. Nessas circunstâncias, as sinaleiras não devem ser retiradas. Mas em ruas tranqüilas não se justifica que as sinaleiras continuem funcionando”, orienta o presidente da Abadi George Massett.



Fonte: RJTV - 9 de abril de 2005

Cidade do Barulho


Noite no Rio de Janeiro. O horário deveria ser de silêncio, em respeito a uma parte da cidade que dorme. Em um teste feito em Copacabana, dá para constatar. Os carros aceleram e o aparelho dispara: chega a 89 decibéis.

“Principalmente na Avenida Nossa Senhora de Copacabana existe um ruído terrível, bastante alto. A gente às vezes até se assusta”, reclama o trabalhador autônomo Mário de Andrade.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina que, em áreas residenciais, o nível de barulho não pode ultrapassar 55 decibéis durante o dia e 50 decibéis durante a noite.

No Centro da cidade, o ruído é medido na esquina das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Nesta esquina, o nível permitido é de 65 decibéis, mas chegou a 104 decibéis.

“A média que a gente conseguiu nesse ponto durante as medições foi da ordem de 85 decibéis, que já é o limite para a saúde do ouvido”, explica o especialista em ruídos, Gilberto Fucks. “Às vezes me fazem perguntas em casa e eu nem escuto, devido à barulheira”, conta o chaveiro André Felipe Silva.

Se tem quem reclame, tem também quem contribua espontaneamente e lucre com a poluição sonora. É o mercado do barulho.

Em uma oficina de motos, o principal serviço é alteração do cano de descarga, para intensificar o ruído.

“É questão de sobrevivência, de segurança, aumentar o barulho da moto. Eu já dei fechada em motociclista porque eu não escutei, e já saí fora de dar fechada porque escutei o barulho da moto”, justifica o dono da oficina, Roberto Chamburgue.

Não é por acaso que 63% da população brasileira têm perda auditiva. Segundo um relatório das associações brasileiras de Fonoaudiologia e de Otorrinolaringologia.

A fonoaudióloga Márcia Soalheiro, que é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alerta para a exposição prolongada aos ruídos, principalmente durante o sono.

“Há aumento no batimento cardíaco, aumento na pressão arterial, aumento do stress,”, enumera a fonoaudióloga.

Para o especialista e engenheiro de transportes José Eugênio Leal, da PUC-Rio, o problema é a impunidade: “Em parte isso se deve à falta de punição. Uma forma de reduzir a poluição sonora é fiscalizar e tentar identificar veículos individuais que estejam com nível de ruído acima do permitido pela lei.”

Mas porque o trânsito continua fazendo tanto barulho sem nenhuma punição? A quem os moradores incomodados devem recorrer: à Polícia Militar, à Guarda Municipal? Quem deve fiscalizar os ruídos e punir os motoristas infratores? As respostas para todas estas perguntas estão na legislação, mas, por enquanto, é como se ela não existisse.

O Código Nacional de Trânsito determina que cada município fiscalize a emissão de ruídos dos veículos. Mas os artigos não foram regulamentados, ou seja, os deputados federais ainda não definiram como deve ser a fiscalização e a punição. Uma comissão especial na Câmara dos Deputados em Brasília estuda um projeto de lei para tornar obrigatória a inspeção da emissão de ruídos dos veículos nos postos do Detran de todo o Brasil. Desta forma, quem estiver em situação irregular poderá ser punido.

No estado do Rio de Janeiro, um projeto do deputado estadual Carlos Minc, do PT, virou lei, e pode ajudar a combater a poluição sonora. Até 2005, a exigência da vistoria de emissão de ruídos em motos e carros deverá estar implantada.

Por enquanto, apenas um posto do Detran, em Cocotá, na Ilha do Governador está equipado para fazer a medição. Mas nenhum motorista é punido.

“A pessoa não recebe um laudo. Ela tem uma informação se o veículo excedeu ou não o nível de decibéis permitido. Essas informações vão para um banco de dados que são do Detran e da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) para estudos”, explica Carlos Eli, diretor da Divisão de Atendimento do Detran no Rio de Janeiro.

Enquanto se estuda o efeito de tanto barulho, enquanto as leis esperam por regulamentação, o desafio de combater a poluição sonora vai ganhando o tamanho de um problema de saúde pública.



Fonte: RJTV - 22 de outubro de 2004

Decibéis extrapolados

É barulho de todo jeito. Uma mistura de vários sons que acaba ultrapassando os limites suportáveis. Quase sempre o barulho desrespeita os índices determinados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para zonas residenciais, não pode ultrapassar os 55 decibéis durante o dia e 50 durante a noite.

A exposição prolongada a barulho exagerado pode trazer problemas fisiológicos como perda da audição, surdez permanente e distúrbios cardio-vasculares. A poluição sonora também pode provocar irritabilidade, perdas de concentração e de reflexo, além de estresse.

Em uma esquina de Copacabana, ninguém sabe o que é pior: o barulho da obra do metrô, o apito do controlador de trânsito da CET-Rio, a buzina dos carros ou os freios dos ônibus.

Quem sofre são os moradores do bairro. São pelo menos oito horas de ruídos todos os dias. “Vai perdendo a audição, tem que falar mais alto, principalmente na portaria. Tem que falar praticamente no ouvido da pessoa, porque o barulho é constante”, comenta Álvaro Simonini, síndico.

Em uma das avenidas mais barulhentas da de Copacabana e da cidade – Nossa Senhora com Figueiredo de Magalhães – os ruídos chegam em torno de 100 decibéis. Com um equipamento especial, a equipe do RJTV fez um teste auditivo nas pessoas que ficam expostas a poluição sonora todo dia, por muitas horas, para ver os resultados na audição.

O vendedor ambulante Guilherme Pereira trabalha no local há 44 anos, vendendo sorvete, e sente os efeitos. “Fico com os dois ouvidos e não suporto”, diz.

A fonoaudióloga Cileide Olbrich explica que serão emitidos em cada ouvido, quatro tipos de ruídos, que vão de 500 a 4 mil hertz. Guilherme Pereira não conseguiu ouvir os ruídos no teste. “Ele pode ter um problema auditivo, proveniente deste barulho e deste ambiente ruidoso”, opina Cileide.

A professora Wilma Caldas, moradora de Copacabana, também está sentindo as conseqüências da falta de silêncio. “No ouvido esquerdo, não ouvi absolutamente nada”, conta.

Dos cinco testados, todos apresentaram diminuição da audição. “Grande parte das pessoas que moram ou trabalham em Copacabana acabam perdendo a audição ao longo dos anos. Elas só percebem que perdeu a audição quando ela realmente já se torna irreversível”, acrescenta a fonoaudióloga Cileide Olbrich.

Já que os barulhos são inevitáveis, o melhor é aprender a conviver com a poluição sonora, sem se prejudicar.“O ideal é que você se afaste de fontes sonoras muito intensas, como campainhas, sirenes de garagem ou buzinas, além de eviter ficar longo tempo exposto a esse tipo de ruído, principalmente os acima de 85 decibéis”, finaliza Cileide.



Fonte: RJTV - 15 de julho de 2004

Poluição Sonora


Há quem conteste as novas normas, antes mesmo de elas serem postas em prática.

Por causa do barulho, a artista plástica Vivian Scortegagna mudou de endereço. Ela conta que no condomínio onde morava, no Leblon, as sinaleiras de garagem tocavam a noite toda.

"Trabalhando, vendo um filme, fica aquele barulho sem parar", conta ela.

Da janela do quarto no novo apartamento, Vivian agora só ouve o canto dos passarinhos.

Hoje o Rio de Janeiro está entre as dez cidades mais barulhentas do mundo. Para tentar garantir a saúde auditiva da população, foi sancionada, na última quinta-feira, uma lei que estabelece normas em relação à poluição sonora no estado.

Agora ônibus e caminhões vão ter que mudar os sistemas de freio, amortecedor e câmbio.

"Os ônibus incomodam, principalmente as ruas principais de Copacabana", diz Norma Farelli, dona de casa.

As sinaleiras de garagem não vão ser mais obrigatórias e terão dispositivo silencioso para as madrugadas.

As manobras de caminhões de lixo vão ser proibidas entre 1h e 5h.

O RJTV convidou o engenheiro mecânico Gilberto Fucks para medir o nível de ruído na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Figueiredo de Magalhães, uma das mais movimentadas na cidade. O resultado ficou acima do valor considerado ideal para a região.

"O permitido são 55 decibéis. A gente mediu e deu acima de 75. Isso, em termos de energia, significa 100 vezes mais do que o recomendado", explica ele.

O presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães Gomes concorda que o bairro é barulhento, mas acha que a nova lei precisa ser revista.

"De fato, recebemos muitas reclamações sobre os caminhões, mas se esse recolhimento for feito durante o dia, o transito em Copacabana, que já é bastante confuso, vai ficar pior", argumenta Horácio Magalhães Gomes.



Fonte: RJTV - 20 de maio de 2004

Barulho, muito barulho

Famílias que moram em frente a viadutos sofrem com ruídos dia e noite. Algumas pessoas preferem fechar as janelas e enfrentar o forte calor. Segundo especialistas, essas pessoas são submetidas a 20 decibéis acima do suportável pelo ouvido humano.

Alex Sandra se mudou da Bahia para o Rio há pouco mais de um mês com as duas filhas. O apartamento ainda não está mobiliado, mas a nova casa é espaçosa e tem até varanda. O problema é que fica quase dentro das pistas do elevado Paulo de Frontin. O barulho é infernal. A comerciante já pensa em se mudar do apartamento, alugado pelo patrão.

"Não dá para ficar com nada aberto, nem janela nem porta. Tem que ser tudo fechado o tempo todo por causa do barulho. E eu tenho uma bebê, né?, fala Alex Sandra.

Outra família que sofre bastante com o ruído do trânsito é a do Vanderlei, que mora às margens da Linha Amarela. Lá, a janela também vive fechada já que as pistas da auto-estrada ficam a poucos metros do prédio. Se com a janela fechada a casa já é barulhenta, imagina o que acontece quando ela é aberta...

O metalúrgico vive no condomínio há 20 anos com a mulher e as duas filhas pequenas. Ele lembra da tranqüilidade do local antes da construção da Linha Amarela. Mesmo sem nenhuma corrente de ar circulando pelo apartamento, a família prefere passar calor a ouvir o barulho dos carros.

"Eu me sinto como um passarinho preso. Não posso abrir a janela durante o dia nem durante a noite. Além desse aspecto feio, de carro pra lá, carro pra cá. É muito barulho estressando o nosso dia e a nossa noite. Não temos nada de beleza aqui", desabafa Vanderlei de Oliveira.

O RJTV convidou um especialista em acústica ambiental para medir o nível de barulho suportado por Vanderlei e outros moradores do condomínio. Resultado: 20 decibéis acima do considerado aceitável em uma área residencial.

A concessionária que administra a Linha Amarela instalou barreiras acústicas para auto-estradas que chegam a reduzir pela metade a sensação sonora dentro de casa, mas elas são muito baixas e acabam sendo eficazes apenas para quem mora no primeiro andar.

"Teria que ser feito um projeto de barreiras acústicas que vão, praticamente, proteger o prédio todo. Como o prédio é muito alto, a barreira teria que ser encurvada na direção da pista. E talvez colocar um septo no meio, quer dizer, uma barreira no meio da pista para cuidar dos carros que estão do outro lado", explica Jules Slama, especialista em acústica.

O barulho constante também acarreta problemas de saúde que Vanderlei já vem constatando nas filhas.

"Eu falo com elas e elas ficam: hein?, hein?", fala o metalúrgico Vanderlei de Oliveira.

"O barulho é muito ruim para estudar", diz a filha de Vanderlei, Jasmim, de cinco anos.

Uma escola, ao lado do condomínio, também foi prejudicada com a construção da Linha Amarela, mas a diretoria reclamou e a Lamsa instalou janelas com vidro reforçado e aparelhos de ar condicionado. O barulho deixou de incomodar.

Vanderlei e família também aguardam, ansiosamente, por uma solução semelhante.

"Eu espero que tenha uma solução para isso aí. Para que a gente possa conseguir dormir melhor", conclui Vanderlei.



Fonte: RJTV - 23 de maio de 2003

Cidade do barulho

Uma cidade no volume máximo. O barulho excessivo incomoda cariocas dentro de casa e até na sala de aula.

Será que é possível estudar com barulho? Os professores e os alunos de uma escola na Gávea garantem que não.

"Eu tenho que pedir para o professor repetir a matéria, porque passa o ônibus e faz muito barulho. Aí eu sempre fico perdendo a matéria", afirma um estudante.

"Tem momentos em que o barulho é tão grande que os alunos vão à janela, olham, reclamam, pedem silêncio para os carros lá embaixo", constata a professora Kátia Regina de Araújo.

Dar aula na escola exige um esforço além do que a voz de alguns agüenta.

"Eu vivo rouca, porque eu dou aula nessa escola todos os dias e o barulho é infernal. Dentro da minha bolsa sempre tem pastilha de gengibre", conta uma professora.

Segundo a escola, o problema começou depois que a prefeitura mudou o trânsito no bairro, em julho do ano passado. Um especialista em acústica mediu e constatou que o barulho na região está mais de 20 decibéis acima do aceitável.

"Parte da aula é imperdível, praticamente. Como conseqüência, que o efeito já acumula durante várias aulas e o aluno acaba desistindo de estudar", explica o especialista em acústica Jules Slama.

Os alunos da escola convivem com o barulho durante um determinado período do dia, mas imagine morar em um lugar onde o trânsito não dá trégua? Como em cima do viaduto por onde passam os carros que vão e vêm da Zona Sul para a Barra da Tijuca.

"Parem com essa barulheira. Tem gente que mora aqui, tem criança...", grita o aposentado Ary Lopes.

Seu Ary mostra os sinais da irritação que o barulho provoca.

"São 24 horas de poluição sonora e a gente aspirando a fumaça negra. Isso irrita os moradores. Eu, por exemplo, sou um. É por isso que eles me chamam de maluco, porque eu reclamo os meus direitos", declara.

Marli tenta manter a calma, fechando a janela e aumentando o volume da TV.

"É barulho o dia inteiro. A gente tem vontade de fechar tudo e ir embora", garante.

É, a cidade pode ser maravilhosa, mas tem ruas barulhentas demais.

"É uma falta de respeito com o direito do outro. O ouvido já acostuma com o barulho e você até fica doente por causa disso", observa um carioca.

"Eu sou de Minas Gerais, e acho uma bagunça terrível. Eu não estou agüentando ficar aqui", constata uma mineira.

E no meio de tanto ruído, um alívio. Em uma praça, em Copacabana, o silêncio ganha ainda mais valor. Uma paz que inspira.

"Você sai lá da Figueiredo de Magalhães, da Santa Clara, vem pra cá e já vai ficando aquela tranqüilidade, aquele fresquinho... Você já vai se acalmando, aí você senta, relaxa. É o paraíso", garante uma carioca.

Quem fiscaliza os índices de ruído na cidade é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Quem quiser fazer uma denúncia, pode ligar para o Disque-Barulho. O telefone é: (21) 2503-2795. Mas a secretaria informa que, por causa da legislação, não pode multar veículos que fazem ruído demais.



Fonte: RJTV - 22 de maio de 2003

Barulho prejudica alunos em sala de aula na Gávea

Os alunos precisam se esforçar para conseguir ouvir o professor. O som que vem da rua está 20 decibéis acima do suportável.

O som predominante nas salas de aula do colégio estadual André Maurois é do trânsito. Em vez da voz do professor, o ruído de ônibus, caminhões e buzinas é que prevalecem. Quem senta nas últimas fileiras, mal ouve a lição.

“Não dá para escutar, não. O barulho é muito forte. Tem que pedir sempre para repetir a matéria”, fala o estudante Wagner Rosa, 17 anos.

Professores e alunos são unânimes ao afirmar que desde que o trânsito mudou na Gávea, em julho do ano passado, e o fluxo de veículos aumentou nas imediações do colégio, dar aulas e prestar atenção nelas se tornou quase insuportável. A alteração no tráfego está prejudicando o aprendizado de 2300 alunos do colégio.

“Tem momentos, no horário de pico, mais ou menos 10 horas, que a gente não consegue falar. A gente, muitas vezes, tem que dar exercícios para que eles façam os exercícios sozinhos para ver se conseguem algum tipo de concentração”, fala Kátia Regina Araújo, professor de História.

O RJTV convidou um especialista em acústica ambiental para medir o nível de ruído nas salas de aula. Com um decibelímetro, o técnico da Coppe concluiu que o barulho no colégio está mais de 20 decibéis acima do aceitável.

“Os alunos, do fundo da sala praticamente não escutam a aula. Perdem uma parte da aula e ficam dispersos, então, tem uma série de conseqüências ao aprendizado. Como conseqüência, o efeito se acumula. O aluno acaba desistindo de estudar a matéria”, explica Jules Slama, especialista em acústica.

A professora Márcia Magaldi, de Geografia, vive rouca.

“Eu estava passando um exercício para eles fazerem em dupla. Isso é para eu não ter que gastar a minha voz. Assim como eu, vários professores têm problema de rouquidão, diz a professora Márcia Magaldi.

Quem depende da concentração para estudar para o vestibular, reclama com razão.

“Não dá para você coordenar a aula com a professora falando e com tudo isso. São vários infortúnios. É muito difícil!”, diz a estudante Priscila da Penha Conceição, de 17 anos.


Fonte: RJTV - 22 de maio de 2003

Abaixo-assinado contra barulho das sinaleiras na Zona Sul


Três mil moradores da Zona Sul fazem abaixo-assinado pedindo uma maior fiscalização das sinaleiras de advertência para pedestres, instaladas nas entradas e saídas das garagens. Muitos prédios não cumprem a legislação, que prevê o desligamento dos alarmes à noite e, além disso, utilizam sirenes com volume acima do permitido.

Da janela de casa, seu Antônio ouve o barulho que vem do outro lado da rua: a sinaleira da garagem vizinha.

"Eles deixam a sinaleira ligada, a qualquer hora, às vezes eu acordo às 4h da manhã com a sinaleira ligada. O cidadão carioca hoje vive num inferno no Rio de Janeiro, por que as sinaleiras tocam a qualquer hora", diz Antônio Alves, paisagista.

Elas estão em quase todas as ruas da cidade e são alvo de reclamações. Três mil moradores da Zona Sul fizeram um abaixo-assinado que será encaminhado à Câmara dos Vereadores.

"A Secretaria de Meio Ambiente não fiscaliza nada. Durante o dia eles até respeitam, agora, de noite, desrespeitam, sem a menor consideração. É uma irresponsabilidade total, e desumana, porque as pessoas querem dormir e realmente, às 4h ou 5h da manhã, e sem mais nem menos toca, dispara essa praga. Isso é uma verdadeira praga! Nós vamos fazer de tudo, não vamos descansar enquanto não acabar com isso", assegura Pedro Paulo Gonçalves, economista.

Para diminuir o ruído, um porteiro encontrou uma solução simples: colou uma fita isolante no aparelho.

Há 17 anos, a Lei Municipal nº 938 determina que todo prédio com garagem é obrigado a ter a sinaleira de advertência para pedestres. O som do equipamento não pode ultrapassar os 85 decibéis nem durar mais de 30 segundos. Além disso, o sonorizador deve ser desligado entre 10h da noite e 6h da manhã.

É à noite que muitos edifícios não respeitam a lei, que permite que apenas os sinais luminosos fiquem acesos.

"Eu recebo sempre reclamação do alarme aí, da sirenezinha", confirma Rosival da Silva, porteiro.

A fiscalização é responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Quem não respeitar está sujeito à notificação e multa de até R$ 2 mil, e a garagem pode ser interditada.

Uma artista plástica conviveu três anos com o problema. O incômodo era tanto que ela resolveu se mudar. O novo prédio nem garagem tem.

"Três horas da manhã, você dormindo, e a sinaleira tocando direto. Eram mais ou menos oito à minha frente. Agora, vim pra cá, é um sossego, tem passarinho cantando na janela. É ótimo!", comemora Vivian Rossana, artista plástica.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que mediante denúncia através do serviço Disque-Barulho providencia vistoria técnica nas sinaleiras. O telefone para as reclamações é 2503-2795.



Fonte: RJTV - 10 de setembro de 2003

Inimigo Invisível

O RJTV já falou da poluição industrial, que causa grandes prejuízos ao meio ambiente e traz um enorme risco para a saúde dos moradores. A poluição sonora é diferente de uma mancha de óleo ou de uma fumaça tóxica que polui o ar. Mas ainda assim, atrapalha, e muito, a vida do carioca e pode provocar doenças.

Enquanto uns querem descanso e sossego, outros buscam badalação - é à noite que bares, restaurantes e boates têm mais movimentos, e, conseqüentemente, produzem mais barulho. Característica que faz desse tipo de estabelecimento os campeões de reclamações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Nos últimos três meses, foram quase 700 queixas à prefeitura. De dia, os ruídos aumentam e são constantes. Na rua, diversos tipos de barulho contribuem para o incomodo: sirenes, buzinas, veículos pesados, como caminhões de lixo e ônibus.

O RJTV convidou um especialista para medir o nível de barulho de uma das esquinas maior movimento da cidade: Avenida Figueiredo de Magalhães com Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

No local, o decibelímetro chegou a 97,3 decibéis, 25 unidades acima do considerado aceitável para o ouvido humano.

"A pessoa, depois de um dia de trabalho na rua, se sente cansada, irritada, não pelo barulho muito alto, mas pelo tipo de barulho", explica Jules Slama, pesquisador da Coppe.

Segundo o Conselho Regional de Medicina, após oito horas exposta a um ruído de 85 decibéis, o correspondente ao barulho de um aspirador de pó, a pessoa passa a sofrer lesões no aparelho auditivo. A cada cinco decibéis a mais, o tempo de tolerância cai pela metade. O limite máximo para um barulho de 90 decibéis é de quatro horas.

Para suportar a barulheira da cidade, janelas fechadas e ar-condicionado ligado. Quem não tem como escapar sofre e reclama.

"Eu fico estressado", diz um senhor.

Por enquanto, o barulho produzido por veículos é um problema que não tem solução, não há nenhuma legislação que regulamente a fiscalização. Por isso, a Secretaria de Meio Ambiente não pode reprimir as chamadas fontes móveis de ruído, que são os carros, ônibus e caminhões.

Um projeto de lei que está tramitando na Assembléia Legislativa desde outubro, sugere medidas e investimentos para diminuir esses transtornos. Enquanto isso, não acontece, melhor driblar o barulho com bom humor.

"Às vezes, estressa, mas eu, como sou aposentado, o único barulho que eu tenho é o da tranqüilidade", brinca um senhor.


Fonte: RJTV - 11 de novembro de 2003

domingo, 3 de junho de 2007

Ministério Público sugere medidas ao município

Promotores recomendam só dar licença a bares com música se houver isolamento acústico
Fernanda Pontes

A quantidade de denúncias relativas à poluição sonora e à ineficiência da prefeitura em interditar estabelecimentos que desrespeitam a legislação levaram o Ministério Público a enviar uma recomendação ao prefeito Cesar Maia. No documento, o MP pede que o licenciamento de bares e boates com música ao vivo ou mecânica seja feito somente após a implantação de isolamento acústico eficaz. Outra medida sugerida pelos quatro promotores de Meio Ambiente é que o município use o poder de polícia para fechar os locais reincidentes.
Estabelecimentos interditados continuam funcionando Levantamento feito pelo MP mostra que este ano foram instaurados 300 inquéritos relativos a barulho no município do Rio. Outras 30 ações estão em andamento. Pela estimativa dos promotores, 90% dessas ações dizem respeito a estabelecimentos comerciais que foram interditados administrativamente pela prefeitura, mas continuam funcionando.

— Somente na minha promotoria, há casos de pelo menos dez bares e restaurantes que deveria estar fechados, mas funcionam normalmente — diz a promotora Rosani Cunha.

Para o MP, se a prefeitura exigisse o isolamento acústico antes de fazer o licenciamento dos estabelecimentos, o número de pessoas incomodadas seria bem menor. Isso porque a maioria das reclamações é sobre lugares sem o tratamento acústico. Ainda segundo o MP, a burocracia para fechar um estabelecimento facilita o descumprimento da lei.

Hoje, esse processo burocrático pode levar anos. De acordo com a Secretaria municipal de Meio Ambiente, a partir de reclamações da população, a prefeitura faz a medição do ruído. Se for comprovado que o barulho é maior que o permitido, o local é advertido. Somente após a terceira multa a fonte poluidora é interditada parcialmente, com apreensão dos equipamentos. Só depois é enviado ofício ao MP, à PM e à Inspetoria Regional de Licenciamento e Fiscalização (IRLF). Os valores das multas são baixos: variam de R$ 200 a R$ 2 mil.

Dados da Secretaria municipal de Meio Ambiente mostram que este ano foram registradas 369 reclamações. A área que concentrou o maior número (135) foi a AP-2 (Zona Sul e Tijuca).

Pelo ranking da secretaria, bares, restaurantes e academias de ginástica são os que mais motivam reclamações.


Fonte: Jornal O Globo

Barulho em Copacabana ultrapassa limite permitido

Daniel Engelbrecht

O que já há algum tempo é motivo de reclamações de quem mora ou trabalha em Copacabana, o barulho excessivo do trânsito, agora foi comprovado por pesquisadores da Escola Politécnica e da Coppe/UFRJ. Depois de realizar mais de 120 medições de ruídos em oito pontos do bairro, eles constataram que o nível de poluição sonora em boa parte das ruas supera os limites estabelecidos por resoluções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Secretaria municipal de Meio Ambiente. Em áreas turísticas e comerciais, o limite é de 65 decibéis; em residenciais, é de 55. A média constatada em Copacabana foi de 72,3 decibéis.

Foram analisados indicadores como o volume de tráfego diário e a velocidade média dos veículos. Para especialistas, o problema é de saúde pública.

As medições, realizadas em vários horários e dias diferentes, concentraram-se em oito esquinas movimentadas.

Utilizando dados como a largura das vias, a altura dos prédios, o tipo de asfalto e a quantidade de veículos que circulam por dia, foi feita uma simulação, com um programa de computador, dos níveis de ruído nas demais ruas do bairro.
O trabalho, realizado pelo professor Fernando Castro Pinto, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da UFRJ, e pela aluna de mestrado da Coppe/UFRJ Maysa Moreno, deu origem a um mapa detalhado sobre a poluição sonora em Copacabana

Próximo passo é fazer o mapa do barulho na Tijuca O ponto mais barulhento foi a esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Figueiredo Magalhães, onde a média foi de 74,5 decibéis.
Segundo Fernando, o tráfego de ônibus nas duas vias contribuiu para o problema.

Já na esquina das ruas Domingos Ferreira e Siqueira Campos, o nível de ruídos atingiu 69 decibéis. As medições não levaram em conta o barulho proveniente de bares e outros estabelecimentos comerciais.

— Em alguns momentos, tivemos picos de até cem decibéis — conta Maysa, informando que os pesquisadores farão agora um mapa da Tijuca.

Segundo Fernando, na Europa, a elaboração de mapas de ruídos em cidades com mais de 250 mil habitantes, com revisões a cada cinco anos, é obrigatória desde 2002. Com isso, pode-se planejar melhor intervenções no tráfego e instalação de novos empreendimentos.

O mapa também ajuda a entender a desvalorização imobiliária.

No ponto mais barulhento de Copacabana, imóveis de frente chegam a valer até 10% menos do que os de fundo.

— Só alugamos apartamentos de frente na Avenida Nossa Senhora de Copacabana para estrangeiros, que vão ficar pouco tempo. Brasileiros preferem os de fundo — diz o corretor de imóveis Michel Chamovitz.

O excesso de ruído pode causar problemas de audição e aumentar o nível de estresse. A fiscalização do barulho do trânsito não está prevista na lei, por isso não é feita pela prefeitura.

— Considero importante o mapeamento acústico da cidade, na medida em que esses dados sirvam de parâmetros para o planejamento do trânsito, o desenvolvimento de tecnologia de pavimentação e até para as montadoras de veículos, para melhorar a qualidade de vida da população — afirmou a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes.


Fonte: Jornal O Globo