Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

sábado, 25 de agosto de 2007

Belenenses sofrem com a chamada "cultura do barulho"

THIAGO REIS

Em Belém (PA), apontada por uma pesquisa do IBGE como "capital brasileira do barulho" se criou uma "cultura do barulho" que, segundo Rejane Bastos, vice-presidente da Associação Amigos do Silêncio, explica o motivo de a capital ser considerada barulhenta por seus próprios moradores.

"Há caixas de som instaladas em postes, festas de aparelhagem --onde caixas acústicas enormes ganham as ruas. Aqui, barulho é sinônimo de poder", diz.

Segundo ela, há 30 pessoas que possuem esses aparelhos e que mapearam a cidade. "E tem gente que não tem dinheiro para comer, mas tem um som em casa. Até os bares disputam para ver quem faz mais barulho." Bastos conta que já teve um juiz que entrou atirando numa caixa de som porque não conseguia dormir. "Estamos à beira de uma guerra civil."

Para o advogado Jean Carlos Dias, presidente da Comissão de Combate à Poluição Sonora de OAB-PA, há três motivos para tanto barulho: o aspecto cultural, a falta de fiscalização e empresas lucrando ilicitamente com o alto som nas ruas.

Dias diz que o povo paraense é musical e sempre produziu ruído sem se preocupar com o vizinho. "O problema é que os exageros nunca foram coibidos", diz.

Ele também chama a atenção para as "festas de aparelhagem" --onde empresas cobram para fazer shows com caixas acústicas enormes a céu aberto. "É um trio elétrico sem o trio."

Para o advogado, no entanto, o motivo da poluição sonora e do descontentamento do povo é a falta de fiscalização. "O aparelho estatal ainda não está preparado para lidar com a situação. Belém cresceu muito, e não houve um acompanhamento por parte do órgão estadual", diz.

"Ainda não se botou na cabeça das autoridades que fazer barulho é crime", afirma Bastos.

Fiscalização

A comissão, após reunião com o Ministério Público, já estuda três medidas a serem implantadas. Uma é dar um "selo do silêncio" para os estabelecimentos que cumprirem o nível de decibéis.

Outra é aparelhar a Delegacia do Meio Ambiente. "Eles têm um carro só para atender 2 milhões de habitantes", diz Bastos.

Por último, a idéia é manter um registro na polícia, para que os reincidentes sejam punidos. "Belém ainda é uma cidade muito arborizada, então o som se propaga muito mais que em São Paulo, por exemplo", diz Dias.

Fonte: Agência Folha

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