Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

domingo, 3 de junho de 2007

Barulho em Copacabana ultrapassa limite permitido

Daniel Engelbrecht

O que já há algum tempo é motivo de reclamações de quem mora ou trabalha em Copacabana, o barulho excessivo do trânsito, agora foi comprovado por pesquisadores da Escola Politécnica e da Coppe/UFRJ. Depois de realizar mais de 120 medições de ruídos em oito pontos do bairro, eles constataram que o nível de poluição sonora em boa parte das ruas supera os limites estabelecidos por resoluções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Secretaria municipal de Meio Ambiente. Em áreas turísticas e comerciais, o limite é de 65 decibéis; em residenciais, é de 55. A média constatada em Copacabana foi de 72,3 decibéis.

Foram analisados indicadores como o volume de tráfego diário e a velocidade média dos veículos. Para especialistas, o problema é de saúde pública.

As medições, realizadas em vários horários e dias diferentes, concentraram-se em oito esquinas movimentadas.

Utilizando dados como a largura das vias, a altura dos prédios, o tipo de asfalto e a quantidade de veículos que circulam por dia, foi feita uma simulação, com um programa de computador, dos níveis de ruído nas demais ruas do bairro.
O trabalho, realizado pelo professor Fernando Castro Pinto, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da UFRJ, e pela aluna de mestrado da Coppe/UFRJ Maysa Moreno, deu origem a um mapa detalhado sobre a poluição sonora em Copacabana

Próximo passo é fazer o mapa do barulho na Tijuca O ponto mais barulhento foi a esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Figueiredo Magalhães, onde a média foi de 74,5 decibéis.
Segundo Fernando, o tráfego de ônibus nas duas vias contribuiu para o problema.

Já na esquina das ruas Domingos Ferreira e Siqueira Campos, o nível de ruídos atingiu 69 decibéis. As medições não levaram em conta o barulho proveniente de bares e outros estabelecimentos comerciais.

— Em alguns momentos, tivemos picos de até cem decibéis — conta Maysa, informando que os pesquisadores farão agora um mapa da Tijuca.

Segundo Fernando, na Europa, a elaboração de mapas de ruídos em cidades com mais de 250 mil habitantes, com revisões a cada cinco anos, é obrigatória desde 2002. Com isso, pode-se planejar melhor intervenções no tráfego e instalação de novos empreendimentos.

O mapa também ajuda a entender a desvalorização imobiliária.

No ponto mais barulhento de Copacabana, imóveis de frente chegam a valer até 10% menos do que os de fundo.

— Só alugamos apartamentos de frente na Avenida Nossa Senhora de Copacabana para estrangeiros, que vão ficar pouco tempo. Brasileiros preferem os de fundo — diz o corretor de imóveis Michel Chamovitz.

O excesso de ruído pode causar problemas de audição e aumentar o nível de estresse. A fiscalização do barulho do trânsito não está prevista na lei, por isso não é feita pela prefeitura.

— Considero importante o mapeamento acústico da cidade, na medida em que esses dados sirvam de parâmetros para o planejamento do trânsito, o desenvolvimento de tecnologia de pavimentação e até para as montadoras de veículos, para melhorar a qualidade de vida da população — afirmou a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes.


Fonte: Jornal O Globo

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