Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Barulho, muito barulho

Famílias que moram em frente a viadutos sofrem com ruídos dia e noite. Algumas pessoas preferem fechar as janelas e enfrentar o forte calor. Segundo especialistas, essas pessoas são submetidas a 20 decibéis acima do suportável pelo ouvido humano.

Alex Sandra se mudou da Bahia para o Rio há pouco mais de um mês com as duas filhas. O apartamento ainda não está mobiliado, mas a nova casa é espaçosa e tem até varanda. O problema é que fica quase dentro das pistas do elevado Paulo de Frontin. O barulho é infernal. A comerciante já pensa em se mudar do apartamento, alugado pelo patrão.

"Não dá para ficar com nada aberto, nem janela nem porta. Tem que ser tudo fechado o tempo todo por causa do barulho. E eu tenho uma bebê, né?, fala Alex Sandra.

Outra família que sofre bastante com o ruído do trânsito é a do Vanderlei, que mora às margens da Linha Amarela. Lá, a janela também vive fechada já que as pistas da auto-estrada ficam a poucos metros do prédio. Se com a janela fechada a casa já é barulhenta, imagina o que acontece quando ela é aberta...

O metalúrgico vive no condomínio há 20 anos com a mulher e as duas filhas pequenas. Ele lembra da tranqüilidade do local antes da construção da Linha Amarela. Mesmo sem nenhuma corrente de ar circulando pelo apartamento, a família prefere passar calor a ouvir o barulho dos carros.

"Eu me sinto como um passarinho preso. Não posso abrir a janela durante o dia nem durante a noite. Além desse aspecto feio, de carro pra lá, carro pra cá. É muito barulho estressando o nosso dia e a nossa noite. Não temos nada de beleza aqui", desabafa Vanderlei de Oliveira.

O RJTV convidou um especialista em acústica ambiental para medir o nível de barulho suportado por Vanderlei e outros moradores do condomínio. Resultado: 20 decibéis acima do considerado aceitável em uma área residencial.

A concessionária que administra a Linha Amarela instalou barreiras acústicas para auto-estradas que chegam a reduzir pela metade a sensação sonora dentro de casa, mas elas são muito baixas e acabam sendo eficazes apenas para quem mora no primeiro andar.

"Teria que ser feito um projeto de barreiras acústicas que vão, praticamente, proteger o prédio todo. Como o prédio é muito alto, a barreira teria que ser encurvada na direção da pista. E talvez colocar um septo no meio, quer dizer, uma barreira no meio da pista para cuidar dos carros que estão do outro lado", explica Jules Slama, especialista em acústica.

O barulho constante também acarreta problemas de saúde que Vanderlei já vem constatando nas filhas.

"Eu falo com elas e elas ficam: hein?, hein?", fala o metalúrgico Vanderlei de Oliveira.

"O barulho é muito ruim para estudar", diz a filha de Vanderlei, Jasmim, de cinco anos.

Uma escola, ao lado do condomínio, também foi prejudicada com a construção da Linha Amarela, mas a diretoria reclamou e a Lamsa instalou janelas com vidro reforçado e aparelhos de ar condicionado. O barulho deixou de incomodar.

Vanderlei e família também aguardam, ansiosamente, por uma solução semelhante.

"Eu espero que tenha uma solução para isso aí. Para que a gente possa conseguir dormir melhor", conclui Vanderlei.



Fonte: RJTV - 23 de maio de 2003

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